O que é APOROFOBIA?

Quantas vezes, em meio ao nosso cotidiano, nos deparamos com pessoas em situação de rua? Qual a nossa percepção quanto a essas pessoas e a situação em que se encontram? Considerando que habitam logradouros públicos, é pertinente ressaltar que todos nós já observamos essas pessoas. Contudo, com qual informação comumente os observamos? Basicamente, existe quem os vêem sob a ótica de uma expressão constrangedora, com o receio de serem abordados na rua com o pedido de comida ou esmola; outros os vêem como pessoas perigosas e hostis, e apressam o passo ao passar pelos mesmos; alguns os pré-concebem como pessoas vagabundas e que não gostam de trabalhar; são várias as percepções e crenças construídas pelos seres humanos, a partir da presença de outros seres humanos, com o, porém, de estarem em uma condição sub-humana.

A palavra aporofobia, ainda não dicionarizada, é definida pela Academia Brasileira de Letras como:

s.f. repúdio, aversão ou desprezo pelos pobres ou desfavorecidos; hostilidade para com pessoas em situação de pobreza ou miséria. [Do grego á-poros, ‘pobre, desamparado, sem recursos’ + -fobia.]

(Disponível em https://www.academia.org.br/nossa-lingua/nova-palavra/aporofobia. Acesso em 14/12/2022.)

Atualmente, a palavra tem sido usada para denunciar não só atitudes individuais, mas também arquiteturas, discursos e movimentos que expressem aversão aos mais pobres. Quando essa luta se espalhou pelas redes sociais, o Padre Júlio Lancellotti passou a usar o termo em suas falas e a receber imagens de situações aporofóbicas, trazendo luz a um debate até então invisível. Padre Júlio cita um exemplo: “Se o Gil do Vigor sentar lá na porta da vitrine de um shopping, alguém vai chamar a polícia para tirá-lo? Não, mas se for um catador de papel, ele nem vai entrar no shopping. O Gil é negro e o catador é negro. Por que um pode sentar e outro não?”

(Adaptado de BORGES, Thaís. ‘A gente banaliza a crueldade’, diz padre Júlio Lancellotti, sobre aversão a pobres. Correio 24horas. 22/01/2022.)

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